quarta-feira, 4 de março de 2009

Camaçari e a linha férrea


Há algum tempo penso em escrever sobre a linha férrea da Cidade de Camaçari/Bahia. A retirada da linha foi uma proposta de palanque do prefeito reeleito (PT), Luiz Carlos Caetano. A população comemorou e espera ansiosa o cumprimento dessa promesssa, que infelizmente, tudo indica, irá se concretizar.
Eu sou totalmente CONTRA a retirada da linha férrea de Camaçari, porque não acredito em um falso progresso construído sobre os escombros da História, não se pode admitir que os equívocos de algumas pessoas apague a memória de um munícipio e modifique radicalmente a sua estrutura.

Não se deve permitir que o município de Camaçari, que já se chamou Vila do Espírito Santo de Abrantes, e foi no período colonial, uma importante vila para o Brasil, destrua a pouca , senão a única, referência do passado que existe, com a alegação de que a linha atrapalha e engarrafa o trânsito. Essa desculpa é totalmente infundada, pois, a linha não é responsável pelo caos no trânsito do centro da cidade, e sim, o grande fluxo de veículos que circulam, principalmente nos horários, conhecidos com "de pico".

A retirada da linha férrea não irá descongestionar o trânsito! Há curiosamente, funcionários influentes na Secretaria de Planejamento do município que defende inclusive, a derrubada da estação do trem que fica no centro da cidade. Esses funcionários ou desconheçem a história local ,ou caso a conheça, esqueçem-se que Camaçari, antigo Distrito de Montenegro só foi elevada a categoria de vila e se tornou mais tarde, a sede do município, graças a linha do trem.
Todos os "antigos" moradores sabem de cor, a importãncia da linha férrea para Camaçari, e se lembram saudosos da chegada dos trens à estação. Eles se recordam do " trem mochilão" e do "Marta Rocha", por exemplo. O município de Camaçari é rico em diversidade histórica e cultural, mas, essa história e cultura não foram valorizadas, e não se construiu nenhum instrumento para catalogá-las e mensurá-las. Desse modo as pessoas mais novas desconheçem a História do município, e não se importam se o pouco que ainda existe e resiste seja destruído.
Com o advento do Pólo Petroquímico para o municipio, no ano de 1978, as autoridades e os atores sociais simplesmente olharam e olham fixamente para as indústrias e esqueçem-se da história e da cultura. O município que tem a 10ª economia do Brasil, tem pouquissímo a mostrar da História, e o pouco que existe ainda está sendo barbaramente ameaçado e desrespeitado por aqueles que deveriam, a priori, defender os interesses do povo e investir na história , na cultura e na memória local.
Pra que retirar a linha férrea? Para agradar aqueles que nem são camaçarieneses e que só têm compromisso com a exploração do transporte rodoviário e aqueles que pensam que só porque possuem um carro são donos das vias públicas? por que o prefeito ao invés de retirar a linha férrea não resolve problemas mais urgentes que afetam a população?
Penso que é mais urgente se realizar a regularização dos imovéis (regularização fundiária), garantir saneamento básico para a população. O que significa para a administração municipal a retirada da limha férrea? Significa o início de um processo de modernização que se ocupa de alargar as vias do centro da cidade e os bairro periférios ficam abandonados?
Prefeito, porque antes de propor a retirada da linha férrea não contrata uma equipe de históriadores, antropólogos, geógrafos e outros especialistas para pesquisar e coletar a história da ferrovia no município. Por que não procura saber a relação das pessoas do município com a ferrovia antes de apgar essa memória.
Do mesmo modo que o prefeito, também não sou camaçariense, mas, amo e respeito a história desse município, pesquiso continuamente para aprender mais. Portanto DEFENDO a MANUTENÇÃO DA LINHA FÉRREA, e se precisar de ajuda para conheçer a história do município que o senhor administra estou a disposição.
RETIRADA DA LINHA FÉRREA NÃO,
A HISTÓRIA DE CAMAÇARI MEREÇE RESPEITO E ATENÇÃO.
Marilene Pereira,
Graduada em História pela UNEB,
Especialista em Gestão Ambiental
e Professora de História da Rede Pública

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